sábado, 2 de janeiro de 2010

fixação.

e a garota, que podia ler mentes e tinha os olhos de uma pessoa como um passaporte para isso, não tinha sucesso em suas tentativas de fazer isso com aquele garoto singelo, de olhos enormes e inquestionáveis que ela já se envolvera e desde então parecia não esquece-lo. era quase loucura, mas ela não admitia que era real. ela não queria saber da verdade, ela não queria a verdade. não importava se ele tinha uma outra pessoa, se ele não estava nem aí pra ela. o que importava é que esse mistério todo a deixava cada dia mais frenética, e em busca de uma solução.
eles eram iguais em parte. tanta babaquice, tanta indecisão. tudo era muito parecido, o jeito de falar, pensar, e por vezes até de agir. levando certas coisas em consideração, qualquer um diria que eram uma mesma pessoa, dividida ao meio.
cada dia que se passava, parecia que a garota sobrenatural se perdia mais em suas tentativas. se perdia mais no seu sonho, na sua possível ilusão.
nada realmente conspirava à favor dos dois juntos. mas ela não se importava. muito focada, observadora, perdia grande parte de seus tristes e comuns dias a imaginar o que escondiam aqueles olhos enormes e misteriosos.
ora se animava, e podia sentir várias borboletas em seu estômago, voando, a fazendo sentir coisas incomuns. ora sentira tanta raiva, mas tanta raiva de como ele a deixara, de como ele a fizera sentir aquele ódio...
ela continuava não se importando. não sei descrever se é ódio ou o que era o que ela sentia dele. mas ela não gostava nem um pouco de como ele tinha o incrível poder alterar com tanta facilidade seus sentimentos. era imune à ela, e a fazia de maneira absurda cair em si, e de demonstrar coisas que jamais demonstraria. ela não controla isso. gostaria de controlar, mas não controla. ela poderia ser feliz com qualquer outra pessoa, que ela pudesse ver o que se passa, e entender tudo. mas não, o impossível sempre a atraiu demais... talvez não fora impossível, mas talvez seja além disso. talvez seja inquestionável a possibilidade de tê-lo. sim, estamos tratando de posse, de obsessão. e não é uma comum. é diferente, é intensa. hoje mesmo, ela sente ódio até mesmo dessa chuva que caí na madrugada, sente ódio da dependência que ele tem de outros pra ser feliz, da irônia de sua vida. da cabeça infantil dos dois, e até ódio dela mesma. ela não suporta o olhar de sono da sua gatinha, deitada na sua cama, inocente, a esperando para dormir, não aguenta ver a sua xícara de café, gelado, parado. sente mais ódio ainda, de quem escreve isso, e a colocou nessa situação. ela não sabe mais o que sentir, ou em que pensar. todas possibilidades foram traçadas, cada segundo que passa, ela de desespera mais ainda. ela o trata como: kryptonita. aliás, ele tem o mesmo efeito sobre ela às vezes. não vai morrer, não vai envelhecer, e não vai deixar de quere-lo. é frenético. ninguém vai conseguir pará-la. nem ela mesma.

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