domingo, 21 de fevereiro de 2010

dias de felicidade para anos de tristeza.

outra cilada. em outro buraco, outra fossa, valeta, cova, seja lá qual for o nome, eu caí.
se pensarmos bem, tem pessoas que claramente não nasceram para ser felizes, ou viverem do modo que costumam rotular como "feliz".
se, por 3 minutos você é feliz, consequentemente vai ser infeliz por 3 meses devido esses míseros minutos. todo mundo paga pela sua "felicidade" consumida.
admiro quem não tem objetivos, não tem uma felicidade certa. sempre rindo e sendo feliz com qualquer migalha, com qualquer piada boba, com qualquer sorriso desbotado.
não pensa em como alcançar o espirito de felicidade plena, faz todo mundo feliz, não polui o mundo com caras feias. ri, dança, canta, beija, toma banho de chuva, pula, corre... enfim, busca insanamente algo que dê prazer, que dê "felicidade".
a minha eu sei o que é. eu já descobri, já provei, já fui feliz. mas minha ganância me mata, me enforca, me enlouquece. subo, desço, grito, choro. não dá, ela não sai de mim.
quero, quero agora, quero sempre. digo que não quero, mas entro em conflito. não consigo rejeitar, não consigo ignorar. coloco sempre em primeiro lugar essas minhas "necessidades semi-vitais", movo montanhas, mares, cidades para alcançar meus 3 minutos de felicidade e me lamento por vidas e vidas quando tenho que pagar pelo meu consumo.
já morri várias vezes de tristeza. já explodi continentes de felicidade. fiz juras inquebraveis a mim mesma e as quebrei segundos atrás.
agora eu quis falar sobre isso, para aliviar o turbilhão de palavras e idéias que cercam minha mente, mas estão sendo interrompidos pela tramela em minha garganta. tramela essa que eu agradeço por ter recuperado, já que outrora, quando tentei me expressar corretamente, consegui o contrário disso e uma morte de tristeza e de arrependimento.
renasci dessa morte, e morri de novo, de felicidade. e que tédio tamanha matança de mim mesma! mas morro sempre, morro triste, morro feliz...
morri feliz da última vez em que morri, e agora estou prestes a morrer triste e sozinha sem renascer nos próximos 20 anos, para pagar meus 2 dias de felicidade.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

me deixa aqui e não tira mais.

aquele assovio me chamou, me agradou, me conturbou. o segui, para longe, para trás... fui passando, momento a momento, segundo a segundo os meus dias vividos. meu Deus, como me apavorei! quantos erros, quantas faces, uma grande mutação;
o assoviu sumiu lentamente, se distanciou. corri tanto, corri mais que minhas curtas pernas aguentaram correr, e o perdi. acredite, me perdi em mim mesma. mas não sei se realmente sou eu. não reconheço nada aqui, me sinto mal, pesada, culpada. um gelo na espinha me pegou de surpresa, me derrubou no chão, e ainda estou caída. ao menos penso que estou. agora, estou revendo minha estranha mania de ser tão teimosa, de ser tão deprimente, enjoativa, adocicada... como essa "gaiola" é insuportável!
tentei gritar, chamar, me debater, sem resposta. talvez porque seja isso mesmo. porque esteja incapacitada de me tirar daqui. talvez porque não covenha responder, talvez porque isso não seja nada além de um sonho ruim.
agora já sinto forças. já tenho minhas pernas bastante ágeis. bato um pouco do pó da roupa e saio em caminhada, a procura de qualquer coisa que me leve de volta aos olhos da realidade.
pareço caminhar por quilômetros, mas nada além de poeira, nada além de papéis rasgados, de lágrimas, de pedaços...
mas que lixo! que desordem! credo em cruz, Deus-me-livre de viver aqui. tudo cinza, tudo chato, tudo amargo, sem vida, sem glória, sem luz.
dois assassinatos, uma paixão, várias mágoas, poucos amigos, enlouquentes desejos: são as únicas coisas inteiras que avisto. empoeiradas e pouco gastas, mas ainda vivas. ainda bate um coração aqui, disto tenho certeza, pois ouço leves e calmas batidas. soam como gemidos de dor e agonia, mas ouço o ritmo, o compasso.
para, e volta. para, e volta. quase morte, e vida. quase morte, e vida. piso em alguns cacos, e ao invés de deixar uma grande trilha de sangue, deixo uma enorme poça com cheiro de morte, de dor, de carne podre. me tira daqui, por favor!
não sou eu. disso tenho certeza quase plena! vou buscar alguma coisa que me dê certezas, respostas, que é isso o que devo buscar.
"você aqui? como vai?" -vácuo. grande vácuo. e sumiu, desapareceu. tomou forma de uma represa salgada, com estrondos de choro. mas, quando percebo que é uma represa de lágrimas, muda de novo, e se torna uma nuvem, e continua mudando... uma música, uma noite, uma palavra, e por fim, um par de olhos. que lindos olhos, que sede de tomá-los!
sou eu. mudei de ideia. sou eu mesma. mudando da água para o vinho, me assombrando com cada pedacinho escondido de lembrança. com um nojo e um desprezo enorme de tudo o que faz parte de mim. com todas caras de choro, com tantos sorrisos guardados, com pouco amor no peito.
de alguma coisa agora tenho certeza ao menos. e de outra ando tomando conta de tornar certeza: daqui eu não quero sair.