domingo, 25 de abril de 2010

beat it

é grande pra mim a necessidade de não pertencer a ninguém. ser bicho solto, ser bicho sem alma, do mato, caipira. ou então, essa necessidade é decorrente do fato de que não tenho mais capacidade de entregar meu coração de bandeja novamente e tão cedo. aliás, não sei se seria capaz disso, uma vez que nem a mim mesma ele pertence. está ferido, sujo, e perdido em algum canto, alguma esquina. sempre perco tudo, isso é verdade. e com o coração não foi diferente, daí então, fiquei assim: bicho feroz, bicho feio. bicho carrancudo, mas que quando é cutucado, chora como se fosse um gato. fica quieto e sem vontade de nada como um passarinho vendo a chuva. talvez porque doa demais, porque é quase superficial a dor em dias "normais", mas alguns dias, o sangue pulsa sobre elas numa pressão inadmissível, surpreendente.
não digo que o melhor que se tenha a fazer é ignorar o bicho, nem domesticá-lo. eu diria que o melhor é deixar como está, ou aceitar de vez o animal. tenho só medo de ter o lado que agradara a ti devorado, tenho medo também que ele te devore. tenho medo que ele entre no mundo, tome minha outra face de passarinho depressivo, mulherzinha mole e chorona e as torne pura grosseria. tenho medo das tardes nubladas, das músicas animadas, de carinho...
tenho medo de permanecer assim, com o coração perdido por aí, alvo de tantas "bactérias" aqui, implorando por uma frenética e recuperadora batida.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

preciso tanto..

preciso falar do sufoco que essa minha minúscula miniatura de cidade trás. pleonasmo do grande esse "minúscula miniatura" mas é bom dar ênfase nisso, na mínima dimensão desse inferno em que vivo.
aqui falta ousadia, aqui falta esperança, aqui tem de sobra gente opinando sobre tua vida e sobre tuas atitudes. todo dia falam mal da tua roupa diferente, do seu cabelo bagunçado, dos seus vícios, relacionamentos fraternais, conjugais, extra conjugais.
aqui tem "calor humano" demais. muitos sorrisos amarelos, muita gente falsa, muita gente asquerosa e nojenta.
aqui não tem lugares cool pra fumantes, não tem lugares cool pra não fumantes, não tem curso de faculdade que me agrade, não tem notícia que seja construtiva, e nem grandes redes de junk food.
quero uma cidade grande, fedorenta, fria e cinza. quero usar uma roupa sem nexo, falar coisas sem nexo, fazer coisas sem nexo sem ser a principal atração na roda social em plena segunda-feira. quero um curso bom de moda, música boa, lugares para gente, menos animais que se vestem de humanos perambulando pelas ruas, menos "calor humano". mais fumaças de Malboro, mais taças quebradas, mais maquiagem borrada, cabelo desarrumado, mais ousadia meu Deus, mais liberdade de expressão.
quero menos comodismo, menos modinhas, menos divisão social. pra mim, cada um por si, e si por si. sem essa de apoio de amigos, sem essa de psicologia, filosofia, sociologia e todas as "logias" existentes nesse vácuo de mundo.
quero mais álgebra, pra quebrar a cabeça, talvez um curso de jornalismo, quero olhos perdidos, quero cara de cansaço, quero, quero, quero...
me dê uma brecha meu amor, me dê sim, e tu vai ver onde vou parar. com poucos reais, um litrinho qualquer e quem sabe um dinheiro a mais para os outros vícios. me dê essa brecha meu amor, e nunca mais me verás.

domingo, 11 de abril de 2010

meu cabelo cheira a cigarro, minha roupa, minha alma. minha roupa tem o cheiro do seu perfume, meu cabelo, me acalma. minha alma tem o seu nome, minha dor, minha tara.
no meu café tem uma mosca, na minha vida tem várias. de olhares me sacio, e palavras só já não me sustentam.
quero mais que isso, quero mais que tudo. mais que aquilo, aquele outro. mais que ontem, mais que amanhã. mais de mim, de você, do inferno, dos outros.
mais voltas, menos idas. menos tristeza nas partidas.
mais loucura, mais amor, quero mais, mais, mais... e te quero enfim. quero pouco, quero muito de você. quero tudo, sem pesar o que ganhar ou perder. quero seu mundo, meu mundo o cigarro, o perfume, as moscas, as pernas, as mãos, os cafés, os braços, meus cabelos, nossas roupas, tua alma.