quarta-feira, 26 de maio de 2010

insuportávelmente.

creio eu que já disse tudo o que precisava dizer. e prestes ao fim do prazo de espera determinando por mim mesma me imagino sob duas rochas: de uma, lanço voo, de outra, me atiro ao mar.
entre o voo e o homicídio, prefiro o voo, embora o homicídio esteja em andamento. sim, me lancei ao mar, e à alguns quilometros de distância do ponto de partida já quase não sinto meus membros, já me falta o ar, e nadar se torna quase uma impossível missão.
mistério seria: como levantar voo? como respirar se me falta o ar? como me manter tão parada à espera de um sim, ou um nunca mais, sendo que a correnteza me puxa, me quebra, me estilhaça? como nadar contra essa maldita corrente, que regurgita tudo o que eu mandei descarga abaixo? como pensar em outra coisa se me vejo em perigo, à deriva?
e o voo, se pudesse ser levantado, seria tão mais confortável. pelo menos até minhas asas cansarem. seria tão mais conveniente, mais puro, mais fácil, até os ventos frios do sul me perseguirem. e se por via das dúvidas me alcançassem, me pegassem de surpresa e acertassem em cheio minha memória, minha asa machucada, eu seguiria até encontrar com o quente e aconchegante vento norte.
é difícil levantar voo, é difícil manter-se no ar, mas seria a melhor opção agora. tão alto, e tão longe de tudo. tão solta, e ao mesmo tempo, sozinha. pensando a fundo: insuportávelmente sozinha. insuportávelmente distante. insuportávelmente solta. insuportávelmente crescida. insuportávelmente triste. insuportávelmente a pior opção.

domingo, 23 de maio de 2010

anjos, sim.

sou sempre tão dramática. dramática demais talvez, mas hoje resolvi mudar. ao invés de relatar sobre o mesmo assunto de sempre, vou falar sobre anjos. sim, anjos.
não aqueles anjos de Deus, anjos de religião, anjos fictícios (ou não), mas sobre aqueles anjos que você vê, sente, e ouve. que estão ali, diariamente, te suportando, do seu lado;
nunca tive tanto afeto, tanta proximidade de um círculo familiar. nunca fui de me apegar a ninguém, de receber carinho com facilidade, mas com esses "anjos" é diferente. me apego, sofro junto, e me sinto bem quando vejo um sorriso para mim.
erro muito, constantemente, e não aceito facilmente meus erros. quando aceito, me culpo demais, sofro, e me vem aquele drama comum, mas às vezes, quando um guardião está por perto, me sinto aliviada. arrependida, mas aliviada, por ver, ou sentir que o tenho por perto para me segurar, ou mesmo para me julgar.
há também aqueles que são responsáveis por me ajudar a tocar minha vida. aqueles que me auxiliam em cada escolha. não me influenciando, mas mostrando o certo e o errado de cada lado, me deixando livre para minha escolha. e aqueles que mesmo após a escolha incorreta, tentam de alguma forma me colocar no meu caminho, ou então que me levantam a cabeça.
tenho aqueles que me abraçam quando eu sinto que estou caindo, aqueles que brigam comigo, aqueles que me mordem, aqueles que bagunçam minha vida de um jeito positivo. os que me dão forças, os que me levam ao extremo, os que secam as lágrimas, os que gritam, os que estacam a dor. os que me fazem rir até perder o estômago.
seria impossível deixar de citar aqueles que comemoram cada vitória sua, que animam seus sábados, domingos, feriados. os quietinhos, os faladores, os sem noção, os politicamente incorretos. os que acima de tudo, de todas outras passadas situações, ainda são anjos.
não sei como os agradecer por tudo em que me ajudaram, por tudo em que atrapalharam, e não sei como terminar esse relato sobre eles, aliás, não sei nem se devo terminar, nunca fui boa com finais. deixarei aqui, essa falta de nexo. falta de nexo que eu adquiri convivendo com vocês, meus anjos.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

ratos.

só acho banal. é, banal mesmo. banal brigas idiotas. banal falsidade. banal time de futebol, copa do mundo, aglomeração, festas, aniversário, boa aparência.
acho banal. tanta ferida interna, tantos problemas sociais, tanta infecção, e vá lá ver TV, falar mal de alguém, torcer pra um bando de idiotas que nem sua fuça conhece.
vá lá lamentar por famosos. vá lá chorar aos pés dela, ou de quem for. vá lá se importar com qualquer outra merda que nem se importa com você.
vá lá tontão, vá lá, tô aqui fora, qualquer coisa, continuarei aqui com a minha caretisse, pro que der, e vier.

sábado, 8 de maio de 2010

1001 motivos.

Acho que ando perto da descoberta de um dos meus maiores segredos: "por que Diabos querer você?"

- Porque sou teimosa, e quando eu quero uma coisa, quero mesmo;
- Porque ninguém me faz sorrir do jeito que você faz;
- Ninguém que me faz me achar tão imbecil por sorrir tanto;
- Ninguém que me faz ser tão imbecil também;
- Não encontrei ninguém que me tratasse "desse" jeito;
- Ninguém me faz sentir o que eu sinto, de todas as maneiras e formas;
- Ninguém me faz ir contra minha própria vontade, que é muito forte;
- Não consigo perdoar ninguém se não você;
- Nunca senti pena de ninguém, só de você;
- Nunca me soltei com ninguém, falei o que pensava, fiz o que achei que devia fazer, se não, com você;
- Nunca tive tanta vontade de mudar uma pessoa, de matar uma pessoa, de devorar uma pessoa. Só você;
- Ninguém me faz ficar com essa cara de morta, escrevendo coisas babacas e sem sentido, listando coisas idiotas, e mostrando tamanha exclusividade;
- Não há ninguém que me faça sentir tanto ódio assim;
- E nem tanto afeto;
- Ao mesmo tempo;
- Ninguém me faz ter vontade de mudar meu jeito, mudar minha casa, cabelo, vida, só pra ser melhor.
- Ninguém ocupa a falta que você me faz;
- Ninguém mesmo me fazendo tão mal, me faz sentir tão bem.
- Ninguém.

E mesmo que não sejam claros, que sejam babacas, fúteis, melosos, dramáticos, são os que poderiam ser citados, entre muitos outros que me vêm em mente.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

pó, medo, e folhas secas.

há dias que eu não dormia e de repente, caí num sono tão profundo que quase me senti incapaz de acordar. sentia dor em cada milímetro dos meus ossos. fosse como eles estivessem em pó. e era só essa dor em pó que sentia. mas num relapso de memória acordei. acordei, me arrumei, e quando digo que me arrumei, digo que me arrumei dos pés até os meus fios de cabelo descoloridos, e esperei. não sei pelo o que ou por quem, mas esperei. a casa sozinha rangia como se fosse me engolir, ou meus instintos teriam se aflorado. o barulho perturbava tanto, que dificultava mais ainda o meu entender daquela cerimonia toda. tentava entender também o por que do frio que vinha subindo pelas pernas, me abraçando. era outono, o frio não se fazia tão devastador assim, a ponto de me fazer tremer. ou talvez não fosse frio que eu sentia, sentia é medo, na mais bruta e agonizante forma. seguindo com meus pensamentos, e me perguntando "medo de quê?" é que caí do sofá, ou deitei no tapete, não me lembro, mas adormeci, ou estivera sonhando esse tempo todo. meus ossos ainda estão feito pó, exaustidão e mais nada. ainda não entendi qual é a razão do medo, e o por que disso tudo, e esses barulhos de casa rangendo não vão me deixar entender.