quarta-feira, 26 de maio de 2010

insuportávelmente.

creio eu que já disse tudo o que precisava dizer. e prestes ao fim do prazo de espera determinando por mim mesma me imagino sob duas rochas: de uma, lanço voo, de outra, me atiro ao mar.
entre o voo e o homicídio, prefiro o voo, embora o homicídio esteja em andamento. sim, me lancei ao mar, e à alguns quilometros de distância do ponto de partida já quase não sinto meus membros, já me falta o ar, e nadar se torna quase uma impossível missão.
mistério seria: como levantar voo? como respirar se me falta o ar? como me manter tão parada à espera de um sim, ou um nunca mais, sendo que a correnteza me puxa, me quebra, me estilhaça? como nadar contra essa maldita corrente, que regurgita tudo o que eu mandei descarga abaixo? como pensar em outra coisa se me vejo em perigo, à deriva?
e o voo, se pudesse ser levantado, seria tão mais confortável. pelo menos até minhas asas cansarem. seria tão mais conveniente, mais puro, mais fácil, até os ventos frios do sul me perseguirem. e se por via das dúvidas me alcançassem, me pegassem de surpresa e acertassem em cheio minha memória, minha asa machucada, eu seguiria até encontrar com o quente e aconchegante vento norte.
é difícil levantar voo, é difícil manter-se no ar, mas seria a melhor opção agora. tão alto, e tão longe de tudo. tão solta, e ao mesmo tempo, sozinha. pensando a fundo: insuportávelmente sozinha. insuportávelmente distante. insuportávelmente solta. insuportávelmente crescida. insuportávelmente triste. insuportávelmente a pior opção.

Um comentário:

  1. btarde, podemos voar sem tirar os pés do chão, no entanto, lembre-se de Ícaro, suas asas derreteram ao voar perto demais do sol... O mar pode disfarçar as lágrimas, mas disfarçar seria uma espécie de não se preocupar com sua existência... e não se preocupar com algo que exista é deixá-la de lado para não se resolver... Vc pode voar, mas até mesmo os pássaros possuem ninhos para descansar, para poderem regressar... bjs e me visite tambem

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