sábado, 27 de março de 2010

dor demais, anestesia nenhuma.

se hoje eu falo de dor, se hoje eu tenho cara de dor, e se a dor está entre todas as coisas que eu escrevo, é porque ela se fez merecedora de tanta atenção.
eu poderia muito bem resumi-la aqui, agora, para quem estivesse afim de saber, mas infelizmente, sou mais uma hipócrita cidadã brasileira, e como me disse sábia professora certa vez: "a hipocrisia está em 99,9% da nossa composição".
e é verdade. quem já não se poupou de dizer o que vinha na mente por "educação"?
quem já não deixou de fazer uma coisa que sempre sonhou só para manter aparências?
quem não cometeu uma blasfêmia dessas que atire a primeira pedra.
sou hipócrita, sinto dor, e a guardo pra mim. acumulo tudo na alma. alma pesada, alma densa, alma escura, suja, nojenta.
se eu a fizesse como pano de chão, a torcesse, espremesse, sairia nada além de gritos, nada além de choros, nada além dessas coisas enjoativas e pouco interessantes que formam a minha dor. sairia a futilidade que eu escondo, escorreria aos baldes falsidade que me deram, e sorrisos amarelos quando a vontade é de berrar que nada está certo...
nos quatro cantos desse inferno que chamam de mundo tem minha dor. em outra galáxia eu também deixei um pouco dela. em cada estrela eu também a vejo. a cada música, a cada foto, a cada cheiro, a cada gole de água para saciar minha sede tem dor.
tem dor de permanecer "cega" e "inabalada". tem dor de continuar quase neutra a tanto pavor, tanta traição, tanta coisa errada com as pessoas. tanta dor de alma que me afugenta e me entope e entorpece meu cérebro, me alucina e não me anestesia.
se é de dor que eu falo, é porque dor me fizera sentir. e se amor me fizesse sentir, de mais ou menos dor eu falaria.

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