terça-feira, 5 de janeiro de 2010

repugnante.

e acordou com uma repulsa enorme no meio da madrugada. a escuridão tomava conta dos seus olhos quase abertos. não sabia o que procurar, o pra onde ligar. sentia a enorme necessidade de deixar aquele lugar, correndo. mas suas pernas não eram fortes o bastante pra sair por aquela porta localizada em lugar-nenhum-visível. não tinha a quem procurar, já que todos pareciam um tanto quantos hipócritas na noite passada. a repulsa vinda de más lembranças aumentava, e tomava conta da pobre alma sentenciada.
sentenciada sim, a viver num mundo tão imundo em que vivia. a ver a covardia estampada na face dos seus vizinhos, colegas de faculdade, familiares...
se juntasse o valor de todas as almas unidas naquele ponto de ônibus que ela avistara, não conseguira uma alma só boa. a burrice já dominava o adolescente, a criança que outrora era o mais inocente dos seres, e já vinha de antes. horripilantemente já era de uma fase antes. a pobre criança no ventre de uma mãe abandonada, tinha como futuro um mundo tão sujo, tão cruel.
pobre de mim, que hoje vivo por viver, e tenho de ver todos os dias esses olhos famintos por dinheiro, por fama. esses olhos que me devoram e me regurgitam e continuam nesse tediante balanço. desgraçada sociedade, que se desmorone, que leve contigo tudo isso que eu mais odeio, que mais causa danos a todos. e me deixe por favor um bom motivo pra sonhar e acreditar que vai valer a pena.

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