é grande pra mim a necessidade de não pertencer a ninguém. ser bicho solto, ser bicho sem alma, do mato, caipira. ou então, essa necessidade é decorrente do fato de que não tenho mais capacidade de entregar meu coração de bandeja novamente e tão cedo. aliás, não sei se seria capaz disso, uma vez que nem a mim mesma ele pertence. está ferido, sujo, e perdido em algum canto, alguma esquina. sempre perco tudo, isso é verdade. e com o coração não foi diferente, daí então, fiquei assim: bicho feroz, bicho feio. bicho carrancudo, mas que quando é cutucado, chora como se fosse um gato. fica quieto e sem vontade de nada como um passarinho vendo a chuva. talvez porque doa demais, porque é quase superficial a dor em dias "normais", mas alguns dias, o sangue pulsa sobre elas numa pressão inadmissível, surpreendente.
não digo que o melhor que se tenha a fazer é ignorar o bicho, nem domesticá-lo. eu diria que o melhor é deixar como está, ou aceitar de vez o animal. tenho só medo de ter o lado que agradara a ti devorado, tenho medo também que ele te devore. tenho medo que ele entre no mundo, tome minha outra face de passarinho depressivo, mulherzinha mole e chorona e as torne pura grosseria. tenho medo das tardes nubladas, das músicas animadas, de carinho...
tenho medo de permanecer assim, com o coração perdido por aí, alvo de tantas "bactérias" aqui, implorando por uma frenética e recuperadora batida.
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